quarta-feira, 7 de março de 2012

A atriz Morena Baccarin fala sobre ‘Homeland’, sua carreira e planos para o futuro

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Morena Baccarin, 32 anos, carioca, atriz. Com mais de uma década de carreira, a brasileira é conhecida mundo a fora por papeis em séries de ficção científica como FireflyStargate G1 V. Ela veio ao Brasil divulgar o seu trabalho mais recente na televisão americana, o drama sobre terrorismo da Showtime intitulado Homeland, que estreia hoje (4 de março) no Brasil pelo canal FX.
Em uma entrevista coletiva em São Paulo, Morena falou sobre a sua vida nos Estados Unidos, projetos para o cinema e a possibilidade de um dia trabalhar no Brasil. Confira também uma retrospectiva na carreira da atriz e curiosidades da série Homeland. 
- Você vem de papeis marcantes de ficção científica. Quando surgiu a proposta para Homeland, você estava procurando algo fora do gênero?
Morena Baccarin – Foi o papel certo na hora certa. Quando eu soube do V ter sido infelizmente cancelado, eu estava procurando algo novo para eu fazer e surgiu Homeland. Eu li o texto e amei. Achei uma história muito forte e adorei o personagem. Como era bem diferente da Anna (V), achei que seria legal fazer um papel completamente diferente.
- Por causa da série, você teve algum contato com alguém que voltou da guerra do Iraque ou do Afeganistão. Por morar nos Estados Unidos, você ficou com algum tipo de paranoia em relação ao terrorismo?
MB- Na verdade eu entrei no seriado um pouco tarde. Eles tinha outra atriz fazendo o meu personagem e não deu certo, então eu entrei de última hora. Eu tive só uma semana para preparar o personagem, então foi um corrida, não deu tempo de sentar com uma pessoa. Mas eu pesquisei na internet grupos de apoio online para mulheres que são casadas com militares, li blogs para saber como elas ficam emocionalmente quando eles vão e quando eles voltam – se eles ficam diferente, mudados, são outra pessoa, com trauma… e esse lado da paranoia foi uma coisa que eu vivi, eu estava em Nova York no 11 de setembro e foi uma coisa que afetou muita gente e foi também um lance muito bom porque juntou as pessoas, acordou o americano. Não que foi “bom”, mas de certo modo mostrou que eles estão vulneráveis ao perigo. Mas com um tempo a cidade de juntou e o medo foi passando e você tinha que pensar que era preciso viver o dia-a-dia sem ter medo porque senão os terroristas ganham.
- O tema de Homeland é um pouco fora da realidade brasileira. O que você espera da receptividade do público aqui no Brasil e no resto do mundo?
MB – Acho que o tema do terrorismo é um tema que afeta muitos países do mundo, mesmo os países que não estão sendo atacados. Acho também que a série toca em pontos que são importantes, coisas de família, de espionagem e o papel da Claire Danes que é bipolar. E o programa está muito bem internacionalmente, é o programa número um na Austrália.
- O que você acha da sua personagem ter traído o marido?
MB – Ela esperou seis anos por ele, e criou os filhos, chega um momento que você tem que seguir… não tem como botar a culpa nela.
- Como está o planejamento para a produção da segunda temporada? 
MB – A segunda temporada eu começo a gravar em maio na Carolina do Norte, onde a gente filmou a primeira. Dessa vez também vamos filmar em Israel. Não tenho muita informação, porque eles não falam absolutamente nada. Sei que não vamos começar de onde terminamos na primeira, vai passar um ano ou dois.
- Vocês já sabia quem era o Brody desde o começo da temporada? Quais as suas reações ao roteiro?
MB – Eu sabia como atriz, lendo o roteiro e pelos escritores, mas a minha personagem não sabia de nada. Ela não sabe muito tempo, fica mais em casa e tenta conectar como pessoa como marido… chegando no final da temporada eles mostram bastante e há sempre o suspense que faz a gente se perguntar para que lado ele vai… se é para o lado mau ou não.
- O que você achou da cena do Piloto na qual a sua personagem é violentada pelo marido?
MB - Conversei muito com os diretores e entendi o que eles queriam. É um lado da relação que não é mostrada, de um militar que passa muito tempo sem ver a mulher e ainda conserva aquele lado “animal”. Um dos escritores nossos ele é da Inglaterra e ele foi soldado também e ele falou é difícil reconectar com seus sentimentos. Se a cena fosse demais, ia virar uma outra coisa, mas a cena serviu para mostrar que os dois são fortes mas ao mesmo tempo estão sozinhos.
Homeland é um mistério que se resolve em torno do agente Brody. Você acha que a série tem fôlego para aguentar segurar esse mistério por muito tempo?
MB – Aqui [no Brasil] ainda não chegou ao final da temporada, mas posso dizer que a série não se segura e quando chega ao fim não é uma coisa frustrante. A série não fica naquilo de ele é ou não é terrorista, mas eu acho realmente que não é um seriado que vá durar muito tempo. Agora vamos ver para que lado eles vão levar… aposto em uns três, talvez cinco anos.
- Como é a sensação de trabalhar em uma série premiada e como é fazer o papel de mãe?
MB - Eu tive muito orgulho do programa ganhar e foi no primeiro ano, era algo que não esperávamos. A Claire Danes estava muito nervosa e ficamos muito feliz dela ter ganho, ela está muito boa no papel, ela trabalha tão duro. E ser mãe? Eu estou adorando. O bom é que no final do dia eles vão para a casa deles e eu vou para a minha. (Risos) Eles são muito divertidos e fazemos muitas brincadeiras no set, e é uma parte diferente de mim que estou interpretando.
- Você vai fazer uma participação em The Good Wife. Como foi gravar a série, como é seu personagem e seu contato com o elenco?
MB - É um dos meus programas preferidos. Sou obcecada por essa série.  Assisto todo domingo. Então foi um sonho fazer uma participação e eles foram super legais. Adorei trabalhar com a Julianna Margulies e eu trabalhei muito com o Dylan Baker. Meu personagem trabalhou na empresa dele antes do personagem dele ir para a prisão e aí ela aparece e processa ele por assédio sexual – o que ele nega, mas ela tem um filho com ele. Fica difícil de mentir assim, né? (risos)
- Qual a importância do Joss Wedon e do Serenity na sua vida?
MB –  O Joss Whedon é muito especial para mim, falo com ele até hoje. Ele foi a primeira pessoa com quem trabalhei nos Estados Unidos e eu tive sorte com aquele papel (em Serenity), também havia outra pessoa fazendo o personagem e me colocaram de última hora e foi muito importante para mim.
- Há muita diferença em trabalhar para um emissora a cabo?
MB – Bom, além de falar palavrão, que é muito divertido e eu adoro, você tem mais tempo e mais calma para gravar. A tv a cabo tem mais confiança nos escritores e eles sabem o que estão fazendo, a audiência é mais concentrada e você pode arriscar mais e fazer coisas que você não pode na TV aberta. E é menos tempo de gravação, então eu posso variar de personagens e estou adorando essa parte.
- Surgiu algum convite para trabalhar no Brasil?
MB – Surgiu mas não deu..ainda não deu para encaixar na minha agenda. Estou muito ocupada lá, mas tenho certeza de que um dia vai acontecer.
- Você teria vontade de fazer novela e você assiste algo?
MB – Eu não assisto novela porque não dá tempo e quando eu vim para cá, era o carnaval e eu estava curtindo Angra… Parati. (Risos) Mas eu tenho vontade sim, o único problema é encaixar o tempo na agenda.
- E convite para fazer cinema? Além de Os Vingadores, você tem outros projetos?
MB – Eu vou fazer um filme agora em março chamado Old Days. O escritor e diretor é o Michael Rosenbaum (Lex Luthor de Smallville) e é uma comédia, o que é muito diferente do que eu venho fazendo. É sobre um cara que volta para a sua cidade e se envolve com uma namoradinha da escola que está para se casar. É bem divertida.
- Quando o Rodrigo Santoro participou de Lost foi muito comentado o fato dele ser brasileiro. Você se acha injustiçada por não ter reconhecida assim?
MB - Não sou? (Risos). Tô brincando… acho que é porque ele já tinha uma carreira aqui. Eu não, eu cresci lá nos Estados Unidos, falo inglês sem sotaque, e até agora acho que muita gente nem sabia que eu falava português – mal, mas falo. (Risos).
- O quanto brasileira e o quanto americana você é?
MB – Essa é uma pergunta muito difícil. Eu cresci lá, moro nos Estados Unidos há 25 anos e quando estou lá eu me sinto bem americana. Mas quando venho para cá, algo em mim acorda. Essa coisa do sol, do calor humano, é algo que eu gostaria de levar para lá, mas não sei como. Tem muita coisa que sinto saudade, e eu me sinto realmente partida no meio.
 - Você acha que há um interesse crescente em ter personagens brasileiros na industria de cinema e televisão americana?
MB - Eu já fiz vários testes para personagens brasileiros. Aliás, esse filme que vai sair agora com o Ryan Reynolds, Safe House, a personagem que é francesa era uma brasileira e eu fiz teste para o filme, tive até que fazer sotaque. Eu acho que há um interesse sim, eu estou vendo muito mais em seriados e em filme, eu acho que agora é “chic” ser brasileiro.
- Quais são os seriados que você assiste atualmente?
MB – The Good Wife, sou completamente apaixonada por Downtown AbbeyEnlightened com a Laura Dern, Dexter amo… Smash agora.
Curiosidades sobre Homeland
- Morena Baccarin substituiu a atriz Laura Fraser, que gravou o episódio feito para avaliação no papel de Jessica Brody.
- O ator Damian Lewis, que interpreta o Sgt. Nicholas Brody, participou de Band of Brothers, uma série cuja a temática também era a guerra.
- Damian é britânico.
- A personagem de Claire Danes é bipolar. A atriz decidiu que Carrie é bipolar do tipo 1 (alterna estado de euforia e depressão profunda).
- A série é uma adaptação de uma produção israelense.
- O local de gravação é o estado da Carolina do Norte.
- O seriado estreou no mês de setembro, nos 10 anos dos atentados terroristas do 11 de setembro nos Estados Unidos.

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